domingo, 21 de agosto de 2016

Preconceito e Culpa


Quando recebo pacientes com filhos gays, vejo que quase na sua maioria, eles não sabem lidar com isso.

Comecei a identificar os sentimentos predominantes: Frustração, preconceito, medo do que os outros vão pensar, raiva, impotência e o mais nefasto de todos, culpa.

Tenho um filho de 24 anos que não havia se relacionado com ninguém antes.Quis o destino que eu o pegasse conversando com um rapaz pelo Skype.

Coração de mãe sabe de tudo.Na hora descobri o que estava acontecendo.

Minha reação foi a pior possível.Primeiro me senti traída. Comecei a chorar.

Fui correndo para o meu quarto e ele veio atrás de mim.Disse que não aguentava mais  e que precisava conversar.

Meu filho me chamou a razão.Fiz todo um julgamento sem ouvi-lo.Percebi meu egoísmo e vi o quanto ele precisava de apoio. O quanto ele também estava confuso.

Chorando muito ele me disse que estava se relacionando alguns meses com esse rapaz, apenas pelo Skype.

Comecei um verdadeiro questionário.A cada resposta mais perdida me sentia.

Há 17 anos sou divorciada e tenho sido pai e mãe.

Foi uma mistura tão grande de sentimentos que até agora, ao escrever, me emociono.

Quanta responsabilidade a minha.Aonde eu tinha errado?

Pela primeira vez não sabia o que falar, fazer ou até mesmo pensar.Depois do " susto" pedi para conversar com o rapaz.Ele concordou.

E agora, o que falar? 

Queria culpá -lo, mas ele também estava precisando demais que eu o aceitasse.

Só então me dei conta do que meus pacientes sentem quando fazem essa descoberta: DESESPERO.

Percebi o quanto o exterior nos invade, impedindo até o nosso raciocínio limpo, sem nenhuma contaminação.

Pode-se perceber que o preconceito está intimamente ligado com a culpa.

Meu filho era gay. Sofreria muito preconceito e poderia sofrer até violência e a culpa era minha. Eu o eduquei errado, o mimei, ele não conviveu com uma figura masculina por uma escolha egoísta minha de me divorciar.

Quantos talvez. Quantos se...

Aos poucos você começa a perceber que o amor é igual. Que não existe diferença entre os tipos de amor.

Amor é amor e isso supera tudo.

O medo do desconhecido, da realidade que para você só existia aquela.

Quando você se permite entender o quanto a felicidade é igual você fica feliz.

O mais importante é ver o amor expressado em toda a sua plenitude.Não existe mais preconceito e muito menos culpa.

Portanto, hoje, posso falar para meus pacientes prestarem atenção no que eles estão sentindo e o que realmente vale a pena. A felicidade do seu filho(a) supera qualquer dificuldade.

Deixe se envolver por esse sentimento, que de uma certa forma, também é seu.

Por CLÁUDIA RODRIGUES










-Psicóloga clínica e assistente social;
-Formada na faculdade Celso Lisboa e UERJ, respectivamente;
Extensão em sexologia feita no IBMR;
Extensão em hipnose no instituto de hipnose do RJ.

6 comentários:

  1. Parabéns pela sinceridade e pela coragem de expor a sua experiência pessoal. O seu artigo é ótimo, informativo e fornece boa dose de alívio para as famílias que precisam enfrentar essa realidade.

    ResponderExcluir
  2. interessante, me ajudou mt. obrigado

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, a minha intenção é ajudar muitas pessoas assim como você.

      Excluir
  3. Obrigada. Foi com essa intenção que escrevi.

    ResponderExcluir
  4. Foi com essa intenção que escrevi. Obrigada.

    ResponderExcluir
  5. Foi com essa intenção que escrevi. Obrigada.

    ResponderExcluir