sábado, 20 de agosto de 2016

O Perigo da Terceirização dos Filhos


Com a participação ativa das mulheres no mercado de trabalho e o alto custo para contratação de empregados domésticos, muitas famílias tem recorrido à escola de tempo integral para deixarem seus filhos enquanto trabalham, uma opção mais viável, visto que as crianças estão em um local seguro, com atividades direcionadas e profissionais qualificados. Não posso deixar de destacar também a situação em que muitas famílias, por diversos motivos, não conseguem deixar seus filhos na escola e acabam delegando seus cuidados à vizinhos, amigos ou parentes, que sem qualificação para zelar pelo cuidar e educar destas crianças acabam por colocá-las em situação de extrema vulnerabilidade.

A problematização começa, na verdade, quando os papéis começam a se tornar um tanto quanto equivocados. Nas férias de janeiro e julho existem as “colônias de férias” onde são oferecidas atividades diferenciadas, mas as crianças continuam passando de dez a quatorze horas no ambiente escolar. Quando os pais tiram férias em seus empregos, as crianças na maioria expressa das vezes continuam frequentando a escola para que seus pais possam descansar, viajar e aproveitar os dias de folga.

Cabe então nossa reflexão: Quando as crianças tiram férias? Quando as crianças podem passear, descansar e brincar fora do ambiente escolar? Como ir à um parque, uma praia, fazer um piquenique, brincar com os colegas de pular corda, esconde-esconde, amarelinha, bolinha de sabão?

O cotidiano nos afasta de nossos filhos? Estamos sempre tão ocupados respondendo e-mails, olhando mensagens e trabalhando em tempo integral que nos esquecemos de organizar a mochila, de olhar a lancheira, sentar para brincar de massinha, acompanhar as consultas ao pediatra, cuidar deles quando estão doentes, acalentar após as vacinas, assistir um desenho, um filme junto com nossos filhos, sem colocar eles em frente à TV ou tablet para fazer algo “importante”?

Crianças que antes mesmo de completarem quatro meses de vida vão para a escola por 12 meses consecutivos por até quatorze horas por dia sem direito a um descanso e quando choram estão fazendo birra ou pirraça para entrar na escola. Existem escolas particulares que oferecem o serviço de “marmitex” para que quando os pais forem buscar os filhos já levem o jantar para casa.

Escola não é colônia de férias, não é hospital nem pronto-socorro, não é o quintal de casa nem a casa da avó, não é restaurante nem delivery de comida, escola é escola, lugar de brincar, aprender e ser feliz.

Nossos filhos precisam de menos atividades extracurriculares e mais convívio familiar. Existem crianças diagnosticadas com estresse, depressão e até pânico por serem forçadas a uma jornada tão exaustiva. Coloque-se no lugar de seu filho. Você suportaria?

Crianças se cansam, crianças precisam ir à escola sim, mas também precisam brincar com os pais, colegas da vizinhança, descansar e principalmente precisam da atenção de seus pais, de colo, carinho, amor, respeito, apoio e segurança.

Precisamos nos concentrar em dar menos e estar mais, mais presentes, mais ao lado, mais perto, mais do lado de dentro de nossos filhos!

Termino este primeiro artigo com uma frase de um querido amigo “Em tempos de desamor, criar com apego é um ato de resistência” Thiago Queiroz.

Por SAMIRA DALECK










-Graduada em Educação Física;
- Pedagoga com Especialização em Arte educação e História da Arte. 
Atualmente trabalha com a primeira infância e busca incansavelmente conhecimento sobre criação com apego, disciplina positiva e todo tipo de educação não violenta

17 comentários:

  1. Excelente reflexão, triste esse mundo que exige nosso afastamento, precisamos encontrar alternativas para nos fazermos mais presentes na vida de nossos filhos.

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  2. Obrigada Marta Lemos sempre é possível encontrar alternativas para passar um tempo de qualidade com nossos filhos!

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  3. Não abro mão de levar e buscar minha filha de 4 anos na escolinha (meio período), dar um banho bem gostoso, pentear seu cabelinho, passar creminho com massagem, colocar uma roupinha bem confortável e só depois desse mimo é q sem opção, por causa do trabalho, a levo pra casa dos avós. Lá ainda almoça comigo, depois de 3 ou 4 horas, vou busca-la. Brinca à tarde toda, com o avo, avó, tia e coleguinhas vizinhas. Sei que tudo isso é um privilégio, mas teria a opção de mandar uma van busca-la pra ter hora de almoço mais tranquila. Mas não abro mão disso, de jeito nenhum, por ela e por mim, quero acompanhar passo a passo de minha filha, o máximo que puder. A criança cresce rápido, o tempo voa.

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  4. Parabéns Lilian de Godoy! Com certeza todo esse seu esforço valerá a pena! Crianças criadas com amor terão o privilégio de mudar esse mundo para melhor!

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  5. Realmente voce transferir suas obrigações à terceiros, para ter mais tempo de ganhar dinheiro, ficar com o marifo, ou mesmo ir com colegas as compras, é de uma falta de semsibilidade sem igual. O mrsmo vale para o homem. Um casal assim deviam ter optado por não ter filhos

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  6. Maria Lúcia ter um filho é um ato de coragem neste mundo tão frio e materialista, aqueles que tomam a decisão de tê-lo devem assumir o papel de pais e tomar a responsabilidade para si mesmo porquê as consequências de uma terceirizacao e falta de amor será sofrida por todos em sua volta!

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  7. Parabéns pela excelente matéria,e como educadora presencio todos os dias no olhar dos pequenos a crtz de que o amor que podemos dar nunca é de mais,mas o aconchego da familia é essencial,e como é triste observar que uma grande parte das familias nao percebem essa importancia !Parabéns aos que se dedicam !

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  8. Obrigada Deborah Antoniassi! Temos a missão de trabalhar todos os dias para plantar nestas famílias a semente do amor. Educar com amor faz a diferença é a presença da família é imprescindível para uma educação de qualidade e um futuro promissor para estas crianças.

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  9. Samira! Colega educadora. Excelente trabalho, penso que a educação moderna e as inovações tecnológicas jamais afastarão o carinho, amor e afago dos pais. Sei do seu cuidado e zelo. Parabéns e sucesso...

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    1. Marcos Borges obrigada pelo carinho e confiança em meu trabalho! Espero poder ajudar cada dia mais famílias e educadores a praticar a disciplina positiva e a educação por meio do afeto e do amor! Grande abraço!

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  10. Samira! Colega educadora, acredito que o avanço tecnológico e es novas formas de educar amenizam esta distância entre pais e filhos, porém nunca substituirão um afago ou carinho! Sei do Zelo que tem com a Catarina. Excelente artigo. Sucesso!!!

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  11. Marcos Borges obrigada pelo carinho e pela confiança em meu trabalho! Espero poder ajudar muitos educadores e familiares a praticar a disciplina positiva e a educação respeitosa e afetiva na certeza de construir um mundo cheio de cidadãos confiantes e com mais respeito ao próximo! Grande abraço!

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  12. Obrigada por todos os comentários!!!

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  13. É Sami...nossa missão vai muito além das salas de aula !

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    1. Com certeza Débora muito além do que podemos imaginar! O importante é nunca perder a esperança é acreditar que podemos sim fazer a diferença!

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  14. SAMIRA quando te conheci senti que tu eras uma pessoa do bem continue sua caminhada sem medo precisamos de mais pessoas com pensamentos assim sei o quanto e estudiosa e dedicada adorei seu artigo parabens

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  15. Obrigada querida Marlene eu realmente acredito no poder do amor e da educação! Que Deus permita que eu possa continuar estuda e plantando esta semente por muito tempo! Um grande abraço! Saudades

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