domingo, 17 de junho de 2018

A Interface entre a Psicologia e a Espiritualidade



Uma das perguntas mais importantes que considero fazer quando me encontro pela primeira vez com um paciente é sobre como está a sua espiritualidade. Eu não falei aqui religião e sim, espiritualidade. 



Espiritualidade refere-se àquilo que é espiritual, não é físico e nem palpável; mas se encontra com o físico, com o psíquico e assim podemos pensar na interface com a psicologia. 


A psicologia por sua vez é uma ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Processos esses que não estão separados do físico e do espiritual, exatamente por isso precisamos compreender o homem em sua totalidade física-psíquica-espiritual.

Costumo dizer que o cuidado com o nosso físico, psíquico e espiritual é justamente o tripé que irá nos conduzir à uma saúde plena. Se estamos com nossa psique fragilizada reflete no espiritual; se o espiritual está vulnerável impacta no físico e vice-versa. É um trio que caminha de mãos dadas. 

Muitas vezes precisamos distinguir se aquilo a que o paciente se refere faz parte de suas "crenças psíquicas"ou se tem a ver com sua "crença espiritual". Por exemplo, quando um paciente recusa a tomar uma medicação porque crê que a sua fé irá curá-lo e acredita que aceitar o medicamento possa ser um sinal de fraqueza ou de falta de fé. E isso não é incomum nas instituições religiosas, visto que as desordens emocionais são muitas vezes vistas como desordens do ponto de vista espiritual, e não que não possa, mas se o profissional psicólogo e incluo aqui também demais profissionais da saúde, não estiverem atentos à esse aspecto corremos o risco de não auxiliar o paciente na clarificação de suas angústias, anseios e temores. 

Ele pode sim ser curado pela sua fé, independente de religião e não caberá aqui ao psicólogo instigar dogmas, convicções ou valores pessoais ao seu paciente; mas mediar a linha tênue existente entre a psicologia e a espiritualidade. 

Precisamos quebrar os tabus e falar abertamente sobre essas questões, pois pode ser que a única demanda trazida pelo paciente seja a sua vida espiritual, e não sua vida afetiva, social ou profissional como costumeiramente trabalhamos. 

A espiritualidade ou até mesmo a não espiritualidade de uma pessoa aponta para seu sentido de vida, cria uma razão para os porquês e às vezes alcança onde nem mesmo a ciência explica e isso vem para somar com a psicologia, favorecer e não cindir. Muitas curas podem ocorrer nesse caminho entre psíquico e espiritual.

Alguns modelos de terapia, como a ACT – Terapia de Aceitação e Compromisso derivada da abordagem cognitiva-comportamental, já reflete uma característica mais "espiritualista", na medida em que seu principal objetivo é maximizar o potencial humano para uma vida plena, rica em significado e sentido, seja ele físico, psíquico e/ou espiritual. 

POR SIMONE MATIAS














-Psicóloga – CRP 06-80134;e 
-Especialista em Terapia Cognitiva-Comportamental. 
Contatos: 
(11) 994866869 
YouTube:http://bit.ly/SimoneMatias
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