segunda-feira, 18 de junho de 2018

O Legado de uma Esquerda Perversa


A conjuntura atual está a indicar um final de governo patético em função da total falta de credibilidade daqueles que estão investidos no o poder de governança. Em face disso, a sociedade começa a pensar no próximo governo e seus desafios. Pensando em apresentar uma contribuição pelo lado da economia, façamos um exercício da “herança” com a qual os novos governantes terão que lidar. Para tanto, seleciono duas variáveis que reputo como importantes para a reflexão. O endividamento do setor público e o crescimento do PIB. 

Um dos principais problemas diz respeito ao endividamento do setor público que apresenta a seguinte evolução no governo Dilma /Temer:

ANO
% SOBRE PIB
2011
34,5
2012
32,2
2013
30,5
2014
32,6
2015
35,6
2016
46,2
2017
51,6
FONTE: IPEADATA


A tabela supra mostra a evolução no período analisado, indicando um aumento exponencial na Dívida Líquida do Setor Público Consolidada. Ao início do governo Dilma, o endividamento do governo central representava 34,5% sobre o PIB, enquanto no final do último ano, este endividamento saltou para 51,6% de tudo aquilo que o país produz em um ano.

Para que se tenha uma ideia acerca deste nefasto dado, mais de 1 /3 do orçamento da União é gasto somente com o pagamento do serviço da dívida, o que vale dizer ser este o maior dispêndio da União.

Para que se estanque esta sangria de recursos, necessário se torna um profundo ajuste fiscal onde se busque colocar a despesa do Estado dentro de um formato cabível dentro do mesmo. Este ajuste fiscal não pode ser feito como um fim em si mesmo mas sim com o objetivo de adequar os gastos do governo ao tamanho da sua arrecadação, que não comporta mais aumento de impostos. Por outro lado, os conceitos usados pelos atuais policimakers não nos parecem os mais adequados, uma vez que seu primeiro objetivo é manter uma relação constante entre dívida pública e PIB. Por este conceito, o único beneficiado é o setor financeiro estéril que passa a auferir rendas ad eternum, em detrimento aos demais setores da sociedade. Em outras palavras, "o setor financeiro recebe seus juros e o ajuste recai sobre os demais setores de forma inapelável", representando uma permanente taxa de transferência de recursos da sociedade para os rentistas. Por esta razão, o atual governo estabeleceu o teto de gastos, um limitador para todas a rubricas...menos para os juros!

Corta-se na saúde, educação, segurança, previdência, infraestrutura, etc., mas não se limita os ganhos do setor financeiro. A sociedade empobrece compulsoriamente e os rentistas acumulam cada vez mais, recrudescendo o fosso que separa os mais bem aquinhoados daqueles que pouco o nada têm.

Ao invés de implantarem o teto de gastos, poder-se-ia definir um projeto de deficit nominal zero, com execução de longo prazo, que cooperaria para buscar, sim, um ajuste fiscal, com repartição de sacrifícios mais condizente com todos os atores sociais do país.

Enganam-se aqueles que estão achando que somente a troca de comando irá resolver os problemas do Brasil. Depois deste desastre perpetuado por estes bandidos que estão no poder a mais de duas décadas, somente recuperaremos a economia com muito suor e ranger de dentes, sem falar nos aspectos éticos e morais que foram destroçados e precisarão ser resgatados, que não é objeto deste escrito.

Voltando ao cenário econômico, a tabela que segue indica as taxas de crescimento do país durante este nefasto período:
ANO
%
2011
3,97
2012
1,92
2013
3
2014
0,5
2015
-3,77
2016
-3,46
2017
0,99
FONTE: IPEADATA

Verifica-se que iniciou-se com uma taxa de crescimento (3,97% em 2011) embora positiva mas ainda assim abaixo do crescimento médio mundial, chegando-se a pior recessão da história econômica do país, consubstanciada nas taxas negativas dos anos de 2015 e 2016. O pífio desempenho, para não dizer desastroso, revela todo o descalabro econômico deste período que a sociedade precisa exorcizar. 

Poderia discorrer sobre outras variáveis econômicas, todas invariavelmente depressivas tais como, desemprego, taxa de investimento, índices de educação básica, etc., para demonstrar que os próximos governos receberão uma herança econômica que somente será revertida no longo prazo. Os estudos iniciais, ainda inconclusivos, indicam que o país retrocedeu cerca de 15 a 20 anos

Por toda esta realidade, urge que saibamos refletir acerca do voto a ser dado nas próximas eleições. Qualquer voto que esteja ligado, de qualquer forma, ao status quo dos últimos 30 anos, representaria a permanência deste nefasto quadro que hoje vivenciamos. Por outro lado, fiquemos todos sabendo que a recuperação do país somente será possível em horizonte de longo prazo e permeada de sacrifícios que deverão ser suportados por toda a sociedade.

 POR FLÁVIO JOSÉ CARPES SANTOS

















-Economista e Professor Universitário;
- Graduação em Economia, Mestrado em Desenvolvimento Econômico e Doutorado em Economia Social;
- Economista da Carpes dos Santos Assessores Econômicos e Gestão de Crise.
Nota do Editor:
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