@2025 Beca Casal
Recentemente, vi um vídeo no Instagram em que uma influenciadora falava sobre a importância de escolher a pessoa certa para compartilhar a vida, afinal, é essa pessoa quem irá estar ao nosso lado nos momentos mais difíceis que iremos viver: aqueles em que teremos de lidar com doenças graves ou luto.
Eu conheci o amor muito nova, quando ouvia a minha avó Biga falar sobre o homem que ela amou a vida inteira, o meu avô Izoldino. Quando se casaram, o meu avô já era um homem bem mais velho, viúvo, pai de 10 filhos, avô… e minha avó era uma mulher com seus mais de 30 anos, de gênio forte e determinação inabalável, que assumiu o papel de madrasta e "vodrasta" com muita dedicação.
Mais de uma vez eu ouvi falar sobre os cafés da manhã épicos que a minha avó fazia diariamente na fazenda ou sobre a sua hospitalidade toda vez que as férias chegavam e a fazenda se enchia de visitantes. Mesmo depois que o meu avô faleceu, a minha avó continuou a ser tão hospitaleira e acolhedora como sempre com os meus tios e primos, mesmo depois de tentarem negar a ela os seus direitos na herança.
Mesmo tendo crescido sem conhecê-lo[1], a presença do meu avô sempre foi muito forte na minha infância, seja através dos relatos saudosos da minha mãe, ou dos dias dolorosos em que minha avó se recolhia em seu luto e memórias.
Apenas muito tempo após a morte da minha avó[2], descobrimos que ela teve de romper com o próprio pai para viver esse amor - meu bisavô nunca aceitou o casamento dela com um homem viúvo e pai de tantos filhos. Ele nunca conheceu as próprias netas.
Na minha família é comum que, ao nos casarmos, a gente adote a família de nossos companheiros como parte da nossa. Foi assim com meus avós maternos, Abigail e Izoldino, ou com meus avós paternos, Maria Olinda e David, foi assim com os meus pais, Antônio Joaquim e Lázara Antônia, com meus padrinhos, meus tios, meus primos, meus irmãos e, finalmente, comigo.
Desde o começo do nosso relacionamento, meu companheiro demonstrou compartilhar desses valores - mesmo tendo uma história familiar completamente diferente -, o que me fez ficar encantada por ele desde o primeiro instante.
Mesmo sem precisar fazer isso, no 2º encontro ele já estava me acompanhando e ajudando ativamente nas feiras que eu fazia para vender os biscoitos da minha mãe e, a partir de então, ele passou a abdicar de seus dias de descanso quase todos os fins de semana para me acompanhar.
Depois de sonhar por tanto tempo - quase 34 anos - por um amor como o dos meus avós, eu finalmente encontrei alguém com quem poderia contar em todos os momentos, incondicionalmente, todos os dias.
Há alguns meses descobrimos que minha sogra estava doente e já não poderia mais morar sozinha. Trouxemos ela para a nossa casa onde, entre idas ao médico, cirurgia de emergência, traumas familiares e aperto financeiro, temos fortalecido a nossa união diariamente.
No final das contas, eu descobri que o amor não é sobre saber se a outra pessoa vai correr atrás de nós num aeroporto pedindo pra ficarmos[3], mas sim sobre segurar a mão do outro nos piores momentos de nossas vidas.
REFERÊNCIAS
[1] Izoldino Casal Batista faleceu em 12.11.1980;
[2] Abigail Evaristo Casal faleceu em 13.01.2004; e
[3] Referência: Caju - Liniker (Caju - 2024)
BECA CASAL
Segundo suas palavras:
Escritora e poetisa sul-mato grossense, Beca Casal é romântica e sonhadora.
Formada em Tecnologia em Processos Gerenciais pela UFMS (2021), trabalha com marketing digital desde 2014..
Ela é autopublicada pela Amazon e está em processo de produção do seu próximo livro de poesias.
Nota do Editor:
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