sábado, 4 de maio de 2019

O Ensino Superior e a Empregabilidade


Autora : Vânia Paschoa  Prado


 As Universidades Públicas, em 1974, eram 63%; esse foi o melhor momento da Universidade Pública no Brasil. Hoje apenas 7% são públicas, e considerando que não serão criadas novas unidades, e as que estão em funcionamento sofrem lento processo de abandono, podemos dizer que "o jogo acabou para a Universidade Pública". 

A Educação tornou-se um negócio rentável - a realidade é uma proliferação de estabelecimentos caça niqueis num país onde a carga tributária é de primeiro mundo e os serviços prestados estão entre os piores, cada trabalhador entrega por ano 5 (cinco) meses de seu trabalho ao governo e não vê o retorno deste dinheiro empregado ao bem comum, na melhoria da qualidade de vida, dos serviços de saúde, educação, infraestrutura, etc. 

Por outro lado, esse mesmo trabalhador mantém esse ensino privado, embora todas as vagas preenchidas nos vestibulares não lhes seja acessível, pois as melhores escolas (ensino médio e pré-vestibular) são caras. 

A população, em geral está à mercê do consumismo de bugigangas e apartada do conhecimento das estruturas do corporativismo global. Diuturnamente uma doutrina midiática convoca as pessoas à Educação - uma farsa cruel - o quadro da economia aponta baixo PIB há décadas - hoje a recessão em nosso país é preocupante, pois o modelo é repetitivo. 

A empregabilidade faz caminho inverso à formação de profissionais, numa evidente feira de mão de obra barata. A mídia impôs-se como quarto poder da república e vende a educação de qualidade atrelada a necessidade de computadores - perfeito, mas e os métodos de ensino, infraestruturas que inexistem e a formação de professores? 

¿Por qué existe la estratificación social? Se han dado muchas respuestas a esta pregunta, tantas como escuelas sociológicas. Dentro del paradigma o Escuela Funcionalista se entiende que la desigualad social juega un papel crucial para el correcto funcionamiento de las sociedades. Este argumento, que ha sido muy influyente pero también muy controvertido, fue expuesto primera vez hace más de cincuenta años por Kingsley Davis y Wilbert Moore (1945).1. 

Nosso país ainda não se libertou das velhas relações de poder oligárquicas, coronelistas e escravagistas, onde o peso das estratificações sociais é cruel e separatista, onde o preconceito é disfarçado - a Educação seria libertadora, mas não é esse o caso da América Latina, especialmente no Brasil. Parafraseando Galeano - uma região de veias abertas.2 

Hoje as Universidades investem maciçamente em cursos extensivos - é a Lei do Mercado. Fica claro que essa preferência pela pós-graduação é em detrimento ao fim das pesquisas e do ensino acadêmico consistente. Paralelamente o sucateamento das Universidades Públicas favorece as Empresas Educacionais.

A empregabilidade do mercado de trabalho está centrada especialmente nesses cursos, paralelos às necessárias fluências em línguas estrangeiras. O perfil do profissional moderno é de super-conteúdo. Cursos - empreendedorismo, internacionalização de mercados, direito internacional, auditorias internacionais, sustentabilidade, segurança em redes, direito ambiental, inclusão social, logística, comércio exterior, tecnologias de internet - são apenas alguns no amplo foco do profissional moderno. 

É evidente que um empresário, qualquer que seja, fará o possível para ter em seu quadro funcional o melhor funcionário, o que está sendo inviabilizado pela Educação. As empresas têm seus próprios problemas a resolver e não se envolvem na questão, pois a consideram assunto do Estado e de ordem pessoal dos interessados, porém há um descrédito sobre a formação desse profissional. 

Há claro questões que interferem diretamente na formação do profissional e dentre elas podemos destacar a própria formação deficitária dos professores, a infraestrutura que não atende as demandas necessárias ao bom andamento das aulas, e consequentemente a ausência ou pouca oferta de aulas práticas, onde o aluno pode efetivamente entrar em contato com seu objeto de trabalho. Sendo assim, muitas empresas, ao perceber uma lacuna na formação de seus profissionais tem buscado outras formas de minimizar o problema, uma delas é investindo na capacitação em serviço ou contratando jovens com formação em nível técnico e não universitário.

Há 200 anos atrás a Universidade focava em Ensino e Pesquisa e mais recentemente, 30 anos atrás, assimilou a Extensão ao seu conteúdo - uma medida claramente direcionada pela Instrumentalização da mão de obra. Pode-se dizer que o tripé era saudável, mas enquanto cresceu a Extensão, enfraqueceram-se os lados principais para a Universidade, de Ensino e Pesquisa. 

[...] é fundamental destacarmos as recomendações do Banco Mundial para a educação superior no documento La enseñanza superior: las leciones derivadas de la experiência (1995), cujas prescrições são claras no sentido de: 

1) privatização desse nível de ensino, sobretudo em países como o Brasil, que não conseguiram estabelecer políticas de expansão das oportunidades educacionais pautadas pela garantia de acesso e equidade ao ensino fundamental, bem como, pela garantia de um padrão de qualidade a esse nível de ensino; 

2) estímulo à implementação de novas formas de regulação e gestão das instituições estatais, que permitam alterações e arranjos jurídico-institucionais, visando a busca de novas fontes de recursos junto a iniciativa privada sob o argumento da necessária diversificação das fontes de recursos; 

3) aplicação de recursos públicos nas instituições privadas; 

4) eliminação de gastos com políticas compensatórias (moradia, alimentação); 

5) diversificação do ensino superior, por meio do incremento à expansão do número de instituições não-universitárias; entre outras.3 

Entendendo que a Educação Superior é um bem público, condição de desenvolvimento humano, econômico e social e de afirmação de valores e identidades culturais; esta deve estar assentada na produção e na disseminação do conhecimento, formação, simultaneamente profissional e cidadã. A educação superior é condição da inclusão social duradoura, portanto deve abrigar a pluralidade e a diversidade e ser pautada por valores democráticos. A educação superior implica patamares cada vez mais avançados de qualidade e pertinência, sendo assim, necessita que a educação universitária esteja articulada ao ensino, pesquisa e extensão, buscando dessa forma a inovação, o desenvolvimento científico e tecnológico. 

REFERÊNCIAS

1. MACIONIS, John J., Ken Plummer: “Sociologia”, Editora Isabel Capella, 1999, p.246;

2. Galeano, Eduardo: As veias abertas da América Latina, Editora Paz e Terra, 1971, analisa a história da América Latina desde o período da colonização europeia até a Idade Contemporânea, argumentando contra a exploração econômica e a dominação política do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos. A exploração do continente foi acompanhada de constante derramamento de sangue índio; e
3. DOURADO, L.F.: " Reforma do Estado e as políticas para a Educação Superior no Brasil nos anos 90". Educação e Sociedade, vol. 23, n. 80, 2002, p. 240. 

(*)VÂNIA PASCHOA PRADO













-Graduação em Pedagogia na Faculdade  de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva- SP(2005);
-Pós Graduação em Gestão de Recursos Humanos pela FACINTER - Faculdade Internacional de Curitiba(2009); 
- Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidad Católica de Santa Fé – Argentina 
-Experiência como docente em todos os níveis de ensino, da Educação Infantil a Pós-Graduação;
- Pesquisadora na área de Políticas Públicas e Formação de Professores; 
-Especialista em Planejamento Estratégico com foco na Área Educacional; 
- Atualmente realiza cursos e palestras para educadores, pais e alunos.


Nota do Editor:

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