domingo, 30 de janeiro de 2022

O papel da escola na saúde mental das crianças e adolescentes


Autora: Bruna Silva de Araújo (*)

Antes de começar, me conta uma coisa: quando você estava na escola, alguém falou sobre saúde mental com você? Alguém perguntou como você estava depois de notar algum comportamento seu diferente? Alguém foi atrás de entender por que você estava tirando notas baixas?

Pois é, eu imagino que não. Na verdade, eu digo da minha experiência, nunca ninguém falou comigo sobre saúde mental na escola e eu precisava muito!

Hoje eu trabalho com escolas estaduais e tenho a oportunidade de falar com toda a comunidade escolar dos mais diversos assuntos dentro do mundo da saúde mental e isso é um grande avanço na sociedade. Principalmente se levarmos em conta o quão tabu é esse tema no nosso país.

Mas voltando para o assunto principal deste texto, como a escola pode ser uma forte aliada a respeito da saúde mental de crianças e adolescentes?

Uma coisa que nós falamos muito no mundo da Psicologia é sobre rede de apoio. Essa rede de apoio diz respeito às relações interpessoais que os indivíduos têm estabelecidas em seu convívio social.  Aqui nós estamos falando de família, amigos, escola, comunidade, companheiros afetivos etc.

É importante frisar que para essa rede de apoio ser uma aliada em saúde mental, ela precisa ser saudável, no sentido de que a pessoa em questão (no nosso caso, os alunos) possa contar com essa rede.

Por exemplo, se estamos falando de uma família que julga um filho por ser gay e uma escola que vê um comportamento de bullying com esse aluno e não toma nenhuma providência, essa rede de apoio não está sendo saudável. Entendem?

Certo, seguindo neste caminho, a escola é um lugar onde nós passamos uma boa parte de nosso tempo enquanto crianças, adolescentes e jovens. Logo, é um lugar muito importante em que estabelecemos diversos tipos de relação.

Então a escola com todos os funcionários e alunos, tem um enorme potencial de ser um fator de proteção da saúde mental da população.

Quando falo de uma rede de apoio saudável, uma das primeiras coisas que vem à mente é o acolhimento, independente da situação. É preciso acolher, escutar, estar presente, para então se pensar no que poderá ser feito.

Neste sentido, a escola pode ser este ponto de apoio. Isso não significa que a escola tem que saber lidar com a demanda emocional e psicológica que surgir naquele momento, porém, com o nosso “superpoder” humano de comunicação e interação social, nós podemos acolher aquela pessoa, ouvi-la e então pedir a ajuda necessária.

Isso significa que qualquer pessoa é capaz de acolher alguém? Eu acredito que sim, se formos pensar que acolher, inicialmente, seria ouvir ativamente e estar presente. Logo, qualquer agente da comunidade escolar, pode fortalecer essa rede de apoio da qual estamos falando.

Existem inúmeros exemplos que eu poderia dar aqui, mas quero focar no papel da escola como um local de (des) construção de ideias, teorias e de formação de conhecimento.

Além de fortalecer as relações da vida dos alunos, a escola pode se aproximar dos temas de saúde mental e utilizar isso em seu conteúdo pedagógico.

Ser essa rede de apoio implica em ver o aluno como indivíduo, com todas suas particularidades e realizar um acolhimento adequado, pois as vezes tudo que nós precisamos é de alguém que nos escute.

Isso pode parecer algo simples, mas faz uma diferença enorme.

(*) BRUNA SILVA DE ARAÚJO

 

-Psicóloga graduada pela Universidade Anhembi Morumbi (2017);

-Atualmente estuda Saúde Mental na Santa Casa;  

-Tel/WhatsApp:(11)9 6610.49.49






Nota do Editor:

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2 comentários:

  1. Adorei a abordagem da escola como local de acolhimento. Isso já iria dar um encaminhamento inicial Iara quem está precisa de ajuda.
    Parabéns.

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