domingo, 28 de outubro de 2018

Comunicação Não-Violenta




Em tempos de grande tensão social e política se faz necessário pensar sobre maneiras mais empáticas de se comunicar buscando preservar a boas relações entre colegas, amigos e familiares.

Marshall Rosenberg foi um psicólogo americano, estudioso de novas formas de comunicação e preocupou-se ao longo de seus últimos anos em desenvolver estudos sobre formas de comunicação mais pacíficas, e diálogos que amenizam o clima de violência. O autor criou uma teoria chamada Comunicação não-violenta que nos ajuda a nos ligarmos uns aos outros e a nós mesmos, possibilitando que nossa compaixão natural floresça.


A CNV consiste num processo de reformular nossa maneira de nos expressarmos e sobretudo de como escutamos o outro. 

Rosenberg propôs que nos concentremos em quatro áreas de comunicação: 

-o que observamos enquanto nos comunicamos com o outro, -como nos sentimos frente ao interlocutor, 
-do que necessitamos, e o 
-que pedimos a fim de enriquecer nossas vidas.

Refletindo a partir das leituras do autor podemos entender que a comunicação que bloqueia a compaixão nasce de nossas necessidades de fazer julgamentos moralizadores, classificando as pessoas de acordo com as expressões de nossos valores e necessidades.


Quando expressamos, na comunicação, nossos valores e necessidades, reforçamos uma postura defensiva e a resistência às nossas ideias. 


Classificar e julgar as pessoas estimula a violência. "Na raiz de grande parte ou talvez de toda violência – verbal, psicológica ou física, entre familiares, tribos ou nações -, está um tipo de pensamento que atribuiu a causa do conflito ao fato de os adversários estarem errados, e está, a correspondente incapacidade de pensar nos outros em termos de vulnerabilidade, ou o que a pessoa pode estar sentindo, temendo, ansiando, do que pode estar sentindo falta, e assim por diante."

Sendo assim, acredita-se que uma das saídas mais inteligentes e eficazes consiste em estabelecer uma comunicação repleta de empatia, ou seja, esforçar-se sempre para tentar colocar-se no lugar do outro, tentando fazer a leitura para além de suas palavras, tentando captar o sentimento contido em sua expressão. 

Um exemplo comum pode ser uma breve discussão entre um adulto e uma criança, onde a criança solicita enquanto a mãe almoça, que a mesma procure um seu brinquedo. A mãe solicita que essa criança aguarde, a criança por sua vez entra em um continuo de insistências e birras até que a mãe perde a paciência e em alto tom acusa a criança de ser egoísta e dispara ameaças. 

À Luz da comunicação não violenta a mãe chamaria a criança e explicaria que entende o quanto ela gostaria de ter seu desejo de encontrar o brinquedo satisfeito naquele momento, mas a mãe se sente muito compreendida e satisfeita quando consegue realizar suas refeições sem ser interrompida, pois é um momento importante do seu dia e que assim que possível, ajudará a criança a encontrar o que deseja.

Como pode-se observar no exemplo acima, o sentimento da criança foi reconhecido, os sentimentos da mãe foram comunicados, tornando a comunicação mais empática e assim, aumentando a probabilidade de se tornar eficaz.

Faz-se necessário observar se parte ou toda a comunicação está baseada em suas próprias necessidades e não no enriquecimento mútuo entre duas pessoas. 

Muitas vezes observamos duas pessoas construindo monólogos, não há escuta ativa e interessada no outro e sim uma violenta necessidade de afirmar suas convicções revelando necessidade de ser aprovado. 

Portanto se não há crescimento mútuo, interação e troca na comunicação, mais interessante seria conversar com o espelho. 

Vale lembrar que o outro por ser diferente, por ser único e dispor de sentimentos, experiências e ideias diferentes, consiste sempre em um novo universo que pode nos trazer crescimento e riqueza, mas para isso precisamos estar abertos e desenvolver nossa escuta empática. Temos só a ganhar desenvolvendo tal atitude! 

POR ALINE CARVALHO MONTEIRO - CRP 06/62886







-Mestre em Psicologia Clinica pela PUC-Campinas;
-Especialista em Perdas e Luto pelo Instituto Quatro Estações – SP;
-Colaboradora da Accademia di Psicoterapia Della Famiglia Maurizio Andolfi – Roma – IT e
-Sócia Fundadora da Clinica de Psicologia Online Mente Criativa Online. 

Nota do Editor:

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Um comentário:

  1. Ótimo texto para reflexão pois, atualmente, essa falta de comunicação é o se vê. .

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