sexta-feira, 19 de abril de 2019

A Imprensa Brasileira e sua Crise de Credibilidade

Linda EV(*)

Será que o jornalismo profissional conseguirá sobreviver à democratização das informações nas Redes Sociais? 

Poderão os veículos de massa sobreviver sem o poder da manipulação política, econômica e comportamental?

O Brasil vive tempos conturbados, todos os dias as notícias bombásticas e surpreendentes vem colocando em cheque a reputação de nossos poderes. Tudo parece ter ficado mais às claras, e a informação que antes era monopólio de um grupo específico se democratizou.

Há quem diga, que a as redes sociais são as responsáveis por esta transformação, por dar oportunidade para qualquer pessoa expressar opiniões, críticas, posições políticas, econômicas e sociais, ou seja, ter a palavra divulgada para buscar outra palavra afim, buscar outro pensamento que esteja de acordo com o seu, desta forma criaram-se os "fazedores de opinião" e também os  grupos, rebanhos, militâncias, torcidas.

Como jornalista de formação atuando como colunista em revista de moda, devo reconhecer que lembro com certa indignação, quando os principais estilistas do Brasil estavam reservando lugares privilegiados dos seus desfiles para uma nova classe de especialistas: As Blogueiras de Moda. Quem eram estas novas pessoas que não tinham a formação acadêmica, não tinham trajetórias construídas nos veículos de comunicação tradicional, quem eram estas para merecerem tanta atenção do nosso “mundinho fashion”  tão fechado e seletivo?

Hoje percebo o quanto a experiência vivida na Revista de Moda foi vanguarda, como uma espécie de anúncio do que estaria por vir. Sim, falo da crise de credibilidade que a Imprensa tradicional está vivendo, e creio que um dos motivos desta, é o despreparo que jornalistas profissionais demonstram quando são confrontados nas redes. Pois se antes os e-mails chegavam às redações e eram selecionados entre os publicáveis ou não, no setor do jornal que permitia a opinião do leitor, hoje,  a resposta é imediata e visível para todos, incorporando-se, mesmo que contra a vontade do jornalista, à sua matéria.

Lógico que não podemos desconsiderar que o jornalista empregado de um veículo de massa, não escreve aquilo o que quer, ele segue uma pauta e sofre sim, um cerceamento que se dá de acordo com o viés político, econômico e social do seu Patrão. Lógico também que isto é um "segredo", um acordo tácito, já que enraizou-se na Imprensa brasileira  a mentalidade de que o jornalismo deve adotar sempre uma postura imparcial, focado apenas nos fatos.

A hipócrita postura de isenção da Imprensa , acaba por gerar reações cada vez mais intensas e passionais  dos leitores que vem acompanhado com atenção o desenrolar dos fatos.  As críticas vêm desde os cidadãos comuns até o Presidente da República, o que gera uma indignação da classe jornalística e Associações profissionais, que corporativistas contra atacam, promovendo uma guerra que não deveria existir, pois todos já sabemos quem serão os derrotados.

A cultura do Jornalista  Especializado e Consagrado ter a sua palavra elevada a manifestação de verdade absoluta, ruiu-se com as transformações comuns aos novos tempos. Vemos, tristes, editoras, redações de revistas e jornais, sites e TVs vivenciando graves  crises financeiras que os obrigam a despedir pessoas, diminuir salários e até mesmo fechar suas portas. Mas não vemos um movimento de autoavaliação, um olhar crítico perante o jornalismo que está sendo feito no País e o porquê a Mídia se afastou tanto do pensamento reinante da sociedade brasileira, o porquê a visão do jornalismo brasileiro tanto se opõe a visão da realidade vivenciada pelo brasileiro comum.

A Imprensa tem papel fundamental numa Democracia Institucionalizada. Ela serve para regular os Poderes de nosso País, chegando até ao status de ser vista como um quarto poder. Porém , no atual momento que vivemos, sua atuação vem se distanciando da sua primordial finalidade que é informar, trazer à luz o que estava oculto. Assim como um médico tem o compromisso com a vida, o jornalista tem o compromisso com a Verdade dos fatos.

*LINDA EV













CV de acordo com suas próprias palavras:

-Jornalista formada pela FACHA- RJ e pós- graduada em jornalismo cultural pela UERJ. Faço parte de um grupo de brasileiros que acredita na grandeza e potencial do nosso País, por isto, sou ativa nas Redes Sociais ajudando a ecoar as vozes dos cidadãos indignados com a corrupção e o descaso de certos políticos com a nossa nação; e
-Escrevo aqui sob o pseudônimo de Linda EV e desejo sinceramente ser capaz de verbalizar as questões mais eminentes que fazem parte do momento tão especial que vivemos no nosso Brasil.

 Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

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