sexta-feira, 5 de agosto de 2022

O mais importante é um bom coração


 Luciano Oliveira(*)

O Brasil está vivendo um período de polarização. Quer saber? Não estou preocupado, pois sei que esses momentos sempre são superados.

Afirmo isso porque o nosso Povo tem um coração bom. Essa característica sempre influenciou a nossa política e o nosso legislador.

Desde o Império o Brasil vem concedendo a mais ampla anistia política. Foi assim nas Revoltas da Cabanagem, da Sabinada, da Balaiada e na Farroupilha.

Todas essas revoltas foram vencidas pelas Tropas Legalistas e aos vencidos foi concedida uma ampla anistia.

Esquecimento, esse é o significado jurídico da palavra anistia. Findada a revolta, todos esqueciam o ocorrido voltavam a viver e a conviver em sociedade.

O fato é que os Imperadores cresceram cercados por boas pessoas e receberam a influência do bom coração do nosso Povo. Amas de leite, professores, tutores, enfim, toda essa boa gente influenciou os destinos da Nação e da nossa política.[1]

Como exemplo da superação de diferenças vale lembrar que o Imperador Dom Pedro I nomeou a pessoa de José Bonifácio de Andrade e Silva como tutor do infante Pedro II.

Cumpre destacar que José Bonifácio de Andrade e Silva e Dom Pedro I viviam um grave afastamento, mas quando os interesses do país falaram mais alto, esses dois grandes homens não tardaram a esquecer das suas desavenças.[2] A seguir um pequeno resumo da vida de José Bonifácio:

Tornou-se ministro do Império, mas divergências com D. Pedro I o levaram a deixar o governo e assumir papel de oposição na Assembleia Constituinte. Quando D. Pedro I dissolveu a Assembleia, Andrada foi preso e deportado. Exilado na França, retornou em 1831. Nomeado tutor de D. Pedro II, então com cinco anos, foi afastado do cargo pelo Senado e preso como subversivo, em 1833. Absolvido, morreu em Niterói (RJ), em 1838.

Quantas idas e vindas acontecem na vida dos homens. O que ficou? Ficou o exemplo de que o país está acima de qualquer pessoa e de qualquer desavença política.

A República conservou alguns poucos valores cultivados no Império e a Lei de Anistia (Lei 6.683/79) é exemplo disso. Com a concessão de mais uma anistia o país caminhou para a redemocratização e evitou uma luta fraticida que poderia ter dividido o país.

Enfim, estamos em 2022 e teremos eleições. O clima vai ser quente, o país está novamente dividido, mas acredito piamente que temos uma tradição bem alicerçada no nosso país.

Nossas instituições são fortes. Nossa Democracia está consolidada. Teremos eleições livres e o resultado será aceito pelas pessoas.

Novamente os políticos encontrarão o caminho para a paz e para o entendimento, pois o brasileiro acredita na política como uma ferramenta do progresso que deve ser colocada a serviço da Nação.

O brasileiro não acredita na guerra como forma de solução de conflitos. Pode saber, o nosso Povo tem bom coração.

REFERÊNCIAS

[1] Dom Pedro I chegou ao Brasil com nove anos. Dom Pedro II nasceu no Brasil;

[2] https://www.saopaulo.sp.leg.br/memoria/especial/jose-bonifacio-de-andrada-e-silva-1935/

LUCIANO ALMEIDA DE OLIVEIRA





-Advogado graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás(1996);

-Atua na área da propriedade intelectual (Marcas, patentes e Direito Autoral);

-Escreve há mais de 15 anos artigos de direito e crônicas para jornais e revistas.

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Um comentário:

  1. Queria muito acreditar que nossos políticos busquem soluções, e que nosso povo realmente tenha um bom coração.

    Nosso povo tem memória curta e o máximo de futuro que vislumbra é o sextou!

    Infelimente! Uma nação que não aprende com seus erros está fadada ao fracasso financeiro e moral.

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