sábado, 16 de julho de 2016

A Cegueira Educacional


O que é a cegueira? Falta de percepção visual? Perda da habilidade de enxergar?

Saramago, tem uma frase que me inquieta, “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Como temos enxergado a educação? Que sentido ela traduz quando falamos de educar na diversidade, quando pensamos em escolas inclusivas? O que é inclusão, em um país que diz que a “ Educação é direito de todos”?

Será que perdemos a habilidade de enxergar, ou nunca a desenvolvemos?

Falta-nos a percepção, falta-nos o olhar, o ver o reparar.

Pensar a educação, é pensar os atores que nela atuam, os sujeitos que a protagonizam, as culturas que nela habitam.

Rubem Alves, dizia que a primeira educação é a educação do olhar, “educar os olhos para ver”...

Esse ver precisa passar primeiramente pela formação docente, pois é esse profissional que faz a mediação da aprendizagem.

A formação docente, vai além da formação inicial, vai além do aperfeiçoamento, da especialização. Considerando que currículo é, “caminho”, precisamos refletir sobre o currículo, ou seja, o caminho da formação continuada. O que vemos nesses espaços de formação? 

As comentadas reuniões pedagógicas ou HTPs, HTPCs, os horários coletivos dos professores, na maioria das vezes, se resume a recados, agendas, correção de atividades, quando na verdade poderia e/ou deveria ser, momento de formação, de reflexão da prática, de estudo, de pesquisa, de partilha, de construção da identidade do corpo docente, da identidade da escola.

Que educação queremos? Que educação pretendemos? Quem somos nesse processo? Quem são nossos alunos? Como aprendem? O que nossos alunos trazem?

Delegamos essa atividade para terceiros, que trazem realidades distantes da que vivemos, e nosso olhar se desvia do foco!

Exigimos que nossos professores trabalhem no contexto da inclusão, mas não os incluímos nas dificuldades que enfrentam para entender um currículo que não foi desenhado para “atender a todos”, e muito menos, “ a cada um “. Falta uma proposta curricular para nossas formações, que se abra para os contextos locais. Com isso os conflitos paradigmáticos bailam nas salas de aula, nas salas dos professores e atrasam o movimento educacional, pois educação é movimento!!

Olhos de ver, olhos de reparar!!

Interessante pensar nos sentidos, nas habilidades que são desenvolvidas quando alguma necessidade especial se faz presente, a sensibilidade fica aguçada. São desenvolvidas estratégias...

E nós educadores o que fizemos com nossos sentidos, falamos tanto, queremos levantar bandeiras, mas o que de concreto temos feito pela educação. E não venham me dizer que a cegueira educacional chegou há poucos anos, isso se arrasta há muito tempo!

Que tal começarmos a olhar a partir de nós mesmos, da contribuição que podemos oferecer, das propostas que podemos apresentar ou desenvolver, eu, você, nós.

Se nossos professores não estão preparados para todas as mudanças que se refletem na educação, não basta dizer é questão de adaptação. Adaptar é uma coisa, inserir é outra bem diferente. Mas isso fica para uma próxima reflexão...

Por hoje: Olhos de ver, olhos de sentir, olhos de perceber, olhos de conceber, olhos de querer, olhos de viver!!

POR REGINA CASTRO MARCHI











-Formação: 
   -Magistério com especialização em educação infantil; e
   -Pedagogia com habilitação em Administração Escolar e Orientação educacional;
-Especialização em Psicopedagogia;
-Mestranda em Educação Profissional;
-Professora, Consultora Educacional, Palestrante, Escritora. Atuando como Supervisora Educacional.

3 comentários:

  1. Excelente. Parabéns.
    Existe muito a ser discutido e melhorado no Brasil acerca desse tema. Educação não deve ser focada em ideologismos. Professores devem ter condições de ampliar sua formação para conseguir lidar com situações cotidianas e transmitir conhecimento.

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  2. Parabéns
    Belo texto e bela reflexão
    Além de tudo isso não temos ainda nem mesmo uma luz no fim do túnel.
    Abraços

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