segunda-feira, 8 de julho de 2019

O Envelhecer e a Importância da Percepção Adequada das Pessoas



Autora: Gabriela Guedes(*)

Olá caros leitores,

Hoje trago um tema importante quando falamos de envelhecimento.

Sabemos que o envelhecimento é um processo de mudanças fisiológicas que levam a uma série de alterações clínicas, funcionais e sociais. Sabemos que mesmo no envelhecimento dito comum, as alterações influenciam a forma que o idoso lida com a maioria das situações, precisando ter mais cuidado e atenção em situações em que antes tinha domínio. Quando o envelhecimento é patológico, ou seja, quando ocorrem doenças que repercutem e limitam as habilidades do idoso, a situação pode ser mais grave.

Não é comum escutarmos ou falarmos frases como: "seu João voltou a ser criança", ou até "eu cuido dele, fulano é meu nenê", além de usarmos adjetivos no diminutivo, de forma infantilizada. Acontece que muitos idosos são acometidos por condições que limitam sua capacidade de comunicação, compreensão, expressão, de forma que este fica inapto a nos responder da forma que esperamos, nos fazendo pensar que estão ausentes e incapazes e regrediram à infância.

O fato é que ainda que este aparente estar inapto e que de fato exista alguma condição que o limite, devemos nos manter atentos quanto à forma de nos dirigirmos, nos referimos e nos comunicamos com este. Não devemos nos distanciar da referência que o idoso teve na maior parte de sua vida. É importante nos dirigirmos com o respeito que temos por uma pessoa que viveu a maior parte de sua vida, teve e tem seu papel social, familiar, e tem uma boa bagagem de memória e aprendizados, ainda que não pareça no momento.

Devemos demonstrar consideração pelas referencias e histórias do idoso, ainda que esta referência aparente estar ausente no momento. O processo de envelhecimento traz inúmeras fragilidades: doenças do corpo, enfermidades da mente, limitações das mais diversas com as quais o indivíduo não estava acostumado. Junto dessas fragilidades vem uma provável perda de referência de si mesmo, pois costuma ocorrer um distanciamento das atividades que antes se fazia, distanciando-se da imagem que o idoso e seus entes tinham dele anteriormente.  

O idoso é um adulto consciente, independente e que deve ter seus interesses respeitados. Infantilizar a pessoa idosa é desrespeitar a sua autonomia e biografia.

É recomendável, ainda que o idoso não pareça compreender e estar consciente da situação, tentar manter a forma de se referir, bem como a rotina e as atividades de interesse. Manter conversas ainda que este não responda. Estimular que ele visite lugares e pessoas, ainda que este não pareça compreender. O tratamento humanizado pode melhorar significativamente questões clínicas e emocionais, trazendo uma das coisas que mais importa nesta fase: Qualidade de vida.

* GABRIELA COSTA GUEDES


-Terapeuta Ocupacional Graduada pela UFPE;
-Especialista em Neuropsicologia pela Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS-IMIP); e
Atualmente atende em clinica e domicílios localizados na cidade de Recife - PE.





Nota do Editor:


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