segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Economia em trilhos



Autor: João Luiz Corbett(*)



Após um ano de luta incansável no intuito de trazer aos trilhos um trem em alta velocidade sem condutor ou com condutor alucinado como queiram, alguns elementos legais, estruturais, fundamentos e que mais se pode utilizar para tornar o sistema econômico brasileiro viável e conectado com fontes e destinos produtivos, foram tomados e estão surtindo efeito. Ainda há muito que fazer, mas ao menos foi dada a partida.
 
Um sistema econômico viável não pode prescindir do elemento confiança nos responsáveis pelo comando da nação. Empreendedores grandes e pequenos têm de ter segurança no mínimo para o período projetado para o retorno de seu investimento, e mais ainda para o futuro de seu negócio. A melhor administração dos gastos públicos, a eliminação da corrupção, o redirecionamento da política comercial internacional notadamente para países com alto poder de compra, traz alento para as indústrias voltarem a produzir excedentes de exportação.
 
A melhora nos indicadores econômicos, a política de desestatização, a reunião de Davos, a redução da taxa Selic para um patamar civilizado (4,25% a.a.), a menor taxa de inflação dos últimos anos para jan/20 (0,21%), a sinalização dos novos rumos nos interesses econômicos aliados a acordos como os recém-assinados com a Índia, mostram ao mundo produtivo segurança no trato dos elementos fundamentais na atração de novos investimentos.

Olhando particularmente para o crescimento do indicador de venda de veículos automotores para uso doméstico, industrial e agrícola, já é por si só um fundamento do crescimento econômico em todos os setores, e um dos setores que sempre mais rapidamente responde ao investimento é o da agroindústria.

Com certeza por isso estamos assistindo já há algum tempo a atenção do governo voltada a infraestrutura agrícola, notadamente para a região norte e centro-oeste. O crescimento econômico nestas regiões é mais sensível ao investimento, haja vista que recursos destinados ao aumento da área agriculturável, considerando as características regionais, terão resposta rápida no tocante à absorção de mão de obra, transporte, fornecedores de insumos, equipamentos e serviços.

Neste ponto é importante termos em vista que a ligação ferroviária dos dos estados do norte, centro-oeste e sul, com o asfaltamento das rodovias de interligação destas regiões, estarão propiciando condições e custos menores na produção agrícola, sua distribuição para o mercado interno e externo, com a utilização do transporte fluvial e dos portos exportadores da região norte. Evitaremos ter somente o longo e custoso transporte dos produtos por caminhão até os portos de São Paulo e Paraná.

Tem-se ainda que incentivar a agroindústria para exportação de produtos agrícolas industrializados, pois continuamos um país de exportação de produtos in natura. Somos o maior produtor mundial de açúcar e café, o segundo em soja e caminhando para ser o maior em milho também.
 
Com certeza vencer a barreira dos grandes consumidores internacionais de soja, cacau, açúcar, café entre outros, que protegem suas indústrias de transformação sobretaxando de maneira aviltante os produtos agrícolas industrializados, não é uma tarefa fácil. Por isso tem que haver uma política de incentivo, acordos bilaterais e grande atuação nos organismos internacionais de livre comércio.
 
A questão do crédito, por exemplo, já se tornou um assunto até mesmo desgastado porém a discussão continua a mesma, o governo e o sistema financeiro têm de considerar a indústria, os serviços e a agricultura, assim como os novos empreendedores como geradores de emprego e renda, e não mera fonte pagadora de juros. O olhar para o sistema produtivo tem de ser como fator de desenvolvimento econômico e social.
 
Nossa economia em pleno século XXI continua lutando por uma estrutura básica e uma política econômica que perdure independentemente de governo. Como todo recurso financeiro do governo tem como origem os impostos e taxas pagos pelas empresas e trabalhadores, só há uma maneira de aumentar estes recursos que é promovendo o crescimento econômico. Isto parece básico e elementar porem dependendo da ideologia governamental, este básico elementar torna-se um impedimento aos seus objetivos.

*JOÃO LUIZ CORBETT














Economista com carreira construída em empresas dos segmentos de açúcar, álcool, biocombustíveis, frigorífico, exportação, energia elétrica e serviços, com plantas em diversas regiões do país. Atuação em planejamento estratégico empresarial, reorganização de empresas, aprimoramento de competências, elaboração de planos de negócios com definição de estratégias, estrutura societária e empresarial, com desenvolvimento e recuperação de negócios.
Atuação em empresas de grande e médio porte nas áreas de planejamento estratégico, orçamento, planejamento e gestão financeira, tesouraria, controladoria, fiscal e tributária. 

Nota do Editor:
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