sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Progresso


 Autora: Genha Auga(*)



Embora tanto progresso desde que o Brasil foi descoberto, como pode o brasileiro estar em pleno século XXI, frustrado, infeliz e inseguro? 

O trem era a vapor, hoje temos metrô, morria-se cedo demais, mas com o avanço da medicina o idoso está cada vez mais na caminhada da longevidade, a distância não permitia "matar" a saudade, mas com as redes sociais, fala-se e "vê-se" as pessoas a qualquer momento. Dedicava-se anos ao emprego para manter o salário e ascender na carreira, novos tempos e o empreendedorismo veio e está em alta.

Liberdade tinha que ser conquistada, confiança ser merecida, filhos eram planejados. Nos tempos de hoje, tem-se tudo isso com facilidade e então, o que falta? 

Penso que falta lembrar-se que sabíamos viver o simples...

O homem materializou-se e formou uma sociedade corrompida pela prosperidade que, esquecida da parte moral, ensinou que importante é "brilhar". Já não sabemos lidar com as decepções e dores. Para tudo toma-se remédio, mas, nada se resolve. 

Bem como, materialmente o que quebra joga-se fora e compra-se outro, não se tem mais paciência para ajudar o próximo e, simplesmente, troca-se o parceiro da mesma forma como também somos substituídos por outro ou, por alguma coisa que nos faça entrar em "estado de graça".

Não há o que se pensar, refletir ou até mesmo do que se arrepender. "Errar", hoje é normal, seja qual for a gravidade, ninguém é condenado e tudo é perdoado. A "salvação", agora é regra. 

Somos parte de uma sociedade movida pelo estresse que nos empurra ao pesadelo, faz parar de sonhar e gerenciar pensamentos. Corre-se diariamente, a lentidão irrita e a cada dia, afundamos para o último nível do mal de um ser humano: a depressão. 

Quer-se viver com dignidade, pouca condição tem-se para isso, falta-nos a confiança nos relacionamentos. O de melhor posição social quer o dignificante a qualquer custo, no entanto, conquistar com eficiência e merecidamente e fazer jus a tudo que se deseja ter seria o justo e certo. 

Tem-se uma visão poética e mágica de tudo, entre a pompa do soberbo e a ignorância, vive-se de ilusão. É preciso educar o olhar para ver, gerenciar os próprios pensamentos para não silenciar a própria vida. 

Parece que o futuro está cada vez mais diferente do que imaginamos, afastando as oportunidades de se melhorar nos dividimos em facções: corruptos, miseráveis, criminosos, ignorantes, abastados, cada um, na sua individualidade, segue sua vida. O homem valorizou mais o avanço tecnológico e o consumismo do que a si mesmo, atolou-se no apego dos bens possuídos, desprezou os atos morais e patrióticos e, mesmo assim ainda temos fome de comida, de educação e justiça, no entanto, para ser livre de verdade, sem essas prioridades básicas, não se chega a lugar algum. 

É preciso libertar-se do consumismo, da exclusão pela falta da educação e ter atitudes que não te condenem por atrocidades cometidas por futilidades. Não encontrará respostas na tecnologia se não aprender a usá-la para o trabalho e de maneira dignificante. 

A rota do crescimento e evolução não pode nos garantir um destino certo e glorioso nessa história em que nós somos os protagonistas, mas, agir com empatia, ter princípios básicos, amor ao próximo e pela nação, é o caminho certo para que o progresso aconteça em todas as esferas. 

*GENHA AUGA


-Bacharel em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo Impresso -(MTB: 15.320);

-Cronista do Jornal online “Gazeta Valeparaibana” - desde fevereiro de 2012;e
-Direção Geral da Trupe de Teatro “Seminovos” – Sede de ensaios no Teatro João Caetano de São Paulo (Secretaria Municipal de Cultura-Prefeitura de São Paulo) – autora de textos e roteiro - desde 2015 com apresentações em Teatros, CEUs, Saraus, Hospitais, Escolas, Residenciais para Idosos, Centros de Convivências, Eventos, Instituições de Apoio às Crianças Especiais

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