sexta-feira, 15 de julho de 2022

Os dois Brasis e a cultura do coitadismo


 Autora: Ana Paula Stucchi (*)

Creio que todo estudante da área de humanas em algum momento se deparou com uma indicação de um livro chamado Os Dois Brasil de Jacques Lambert, com sua primeira edição em 1957, e posteriores 8 edições pelo menos. O livro trata do contraste, na época, de uma parcela do país desenvolvida, com todos os acessos necessários ao desenvolvimento humano em todas as áreas e o desenvolvimento econômico, enquanto outra parcela nem saneamento básico, educação básica, trabalho, renda, cultura...

Hoje, 65 anos depois, ainda percebemos que temos muito ainda a aprender sobre sermos mais homogêneos como país e inclusivos. Porém, da maneira que as políticas públicas caminharam, ao invés de dar condições e "varas para pescar", estamos constatando uma grande parcela da população ainda considerando o Estado como um pai que dá tudo na boca.

Veja a imagem abaixo:


Assim é a impressão que se tem quando, na administração anterior do Brasil, 40 milhões de famílias eram beneficiadas com o Bolsa Família... fazendo uma conta grosseira, 4 pessoas por família, 160 milhões... e o Brasil hoje tem 220 milhões de habitantes! Ou seja: 60 milhões (aproximadamente 30% da população) sustentando os outros 70%!!!!!!!!!!!!!! (e por conta da pandemia a situação se manteve).

Isso é simplesmente impensável, irracional, revoltante. Por outro lado, o Brasil "desenvolvido" é tão eficiente que consegue sustentar ele e mais 2,3 encostos (merece o termo, não acham? Comente aqui em baixo).


Por outro lado, esse ano a galera do coitadismo e do "quanto pior melhor/nasceu é culpado" teve que engolir que, mesmo na pandemia, o Brasil se recuperou em termos de PIB porque sabe se reinventar. Quem já tinha embriões de e-commerce teve a lavoura salva e o setor exportador está dando risada sozinho até hoje (vide molusco júnior como cresceu o patrimônio porque o setor que deram pra ele de bandeja é exportador). 

Por outro lado, nobreza não é de posses, classe social. Nobreza é de caráter. O fato de termos fechado com um dígito na taxa de desemprego significa que estamos começando a criar uma cultura que valorize quem trabalha, quem produz, quem tem visão de coletivo, que pensa em deixar um país melhor pros filhos, netos...

Concluo que, mesmo tendo dois Brasis, além da questão cultural, econômica, social, polarizada politicamente há esperança. Muito melhor ter emprego e salário que proporcione a escolha do que comprar e usufruir do que ser dependente como um encosto que só tira, não tendo nada para oferecer, espero sinceramente que a cultura do coitadismo acabe e tenhamos um povo forte que não tem medo dos desafios e que tenha visão de país, visão de futuro.

*ANA PAULA STUCCHI




 

-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;

-Atualmente  atua na área pública
Twitter:@stucchiana




Nota do Editor:


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2 comentários:

  1. O Brasil parece que incentiva a cultura do coitadismo, aí se uma pessoa quer empreender ela tem sua vida dificultada ao máximo, com várias taxas e burocracias

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  2. Um terço não paga água, luz e ainda recebe vale gás. Outro terço não paga condução. Outros quase dois milhões comem, bebem e têm DIREITO a visita íntima. Ah! Direito a auxílio reclusão. E todos esses pseudos coitados são exatamente os responsáveis por eleger e reeleger tiriricas e bandidos em família para elaborarem leis!
    Tenho dito!

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