domingo, 7 de junho de 2015

Seleção de Artigos do Domingo


Bom dia amigos!!

Peço desculpas a todos mas ontem nada postei porque dediquei o dia aos meus sobrinhos e familiares que vieram me visitar aqui em Serra Negra!!

Hoje voltamos a atividade com a continuidade da alternatividade das seções por mim escolhidas para o dia com "Seleção de Artigos do Domingo que como esclareci "podem ter como tema o direito, a política ou qualquer outro assunto interessante ou de interesse público publicado hoje nos jornais, revistas e blogs." 

Semana que vem teremos novamente os Editoriais Políticos do Domingo!!

Vamos aos artigos que selecionei:


Criminocracia

Tony Bellotto Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

Tony Bellotto - Músico e escritor
Postado no dia 07.06 em O Globo


Para a roubalheira nunca escasseiam recursos e soluções criativas

“Em uma palavra, a desmoralização era geral. Clero, nobreza e povo estavam todos pervertidos.”

Joaquim Manuel de Macedo, “Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro” (1862-3)

Ufane-se, leitor. Estamos afanando como nunca. A República das Bananas foi promovida a República dos Ladrões. Se nossos índices de desenvolvimento são pífios, continuamos referência mundial em roubo, corrupção, sonegação, propina, apropriação indébita, furto, desvio de dinheiro público, latrocínios variados, homicídios diversos e picaretagens em geral. E agora estamos bombando também na modalidade “esfaqueamentos públicos”. Falta dinheiro para educação, saúde, transporte, segurança etc., mas para a roubalheira nunca escasseiam os recursos e as soluções criativas. O crime se espalha por todas as camadas de nossa sociedade, comprovando o teor suprapartidário e ecumênico da rapinagem brasileira. A desonestidade grassa nas artes, ciências e profissões liberais. Há bandidos nas classes altas — empresários sonegadores, banqueiros ladrões, executivos corruptos e administradores propineiros —; abundam criminosos na política e governantes foliões do bloco do “rouba mas faz”; multiplicam-se criminosos na polícia e ladrões no clero, coroinhas desonestos, padres vigaristas, pastores safados, sargentos achacadores, cabos assassinos e juízes larápios; perambulam por nossas ruas estelionatários de classe média, traficantes playboys, bandidos de classe C, punguistas miseráveis, mendigos homicidas e ladrões de toda espécie, além dos contraventores, traficantes, criminosos de colarinho branco e matadores profissionais de praxe. Somos uma potência na roubalheira e na bandidagem. Do rico empresário flagrado em propinas internacionais ao adolescente que assassinou a facadas o médico Jaime Gold na Lagoa, o crime se impõe democraticamente como o inexorável destino da Pátria Esfaqueadora. Venha, leitor, permita-me conduzi-lo a um rápido passeio pelo sinistro panteão dos bandidos pátrios. Por aqui, por favor.

Lampião

Note, à direita, Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro que barbarizou o interior de estados do Nordeste brasileiro no início do século XX. Cometeu roubos, sequestros, assassinatos, torturas, mutilações, estupros e saques. Pelo conjunto da obra, tornou-se nosso bandido essencial, um mito com ares de revolucionário político.

Gino Meneghetti

Veja ali, no outro lado, o italiano que chegou a São Paulo em 1913 já com a reputação de ladrão perigoso, tornou-se famoso por seu temperamento afável e foi apelidado pela imprensa de “bom ladrão”. Era também conhecido como o “gato de telhado” pela facilidade com que se locomovia pelos telhados paulistanos em fuga da polícia. Um simpático Fred Astaire da ladroagem

Cara de Cavalo

Vamos andar mais rápido, venha. Durante a ditadura militar, por afrontarem o governo golpista, bandidos comuns, ainda que facínoras banais, ganhavam status de heróis. Manoel Moreira era um proxeneta ligado ao jogo do bicho que nas horas vagas vendia maconha na Central do Brasil. Em 1964 matou o detetive que organizara o Scuderie Le Cocq, que, ao contrário do que o nome sugere, não era um salão de beleza, mas um esquadrão clandestino especializado em eliminar bandidos. Um mês depois, Cara de Cavalo era executado pela polícia. Foi imortalizado pelo artista plástico Hélio Oiticica no poema-bandeira “seja marginal, seja herói”.

O Bandido da Luz Vermelha

Ali, veja. João Acácio Pereira da Costa assaltava casas em São Paulo munido de uma lanterna de bocal vermelho, que lhe rendeu o apelido. Foi preso em 1967 e só saiu da prisão 30 anos depois, para morrer no ano seguinte numa briga de bar em Joinville. Inspirou o filme “O bandido da luz vermelha”, de Rogério Sganzerla, um clássico do cinema underground nacional.

Ronald Biggs

Venha, olhe ali, à esquerda. O mais popular dos ladrões internacionais que recebemos com nossa brejeira hospitalidade! Biggs participara do famoso assalto ao trem postal em Buckinghamshire, Inglaterra, em 1963, mas foi preso no ano seguinte. Em 1965 fugiu de uma penitenciária em Londres e na década de 1970 veio parar no Rio de Janeiro. Aqui tornou-se uma celebridade, e costumava dar autógrafos e posar para fotos com turistas. Participou do documentário “The great rock’n’roll swindle”, de Julian Temple, sobre os Sex Pistols.

Escadinha

José Carlos dos Reis Encina, traficante de drogas nos anos 1970 e 1980, foi o fundador, junto com o irmão Paulo Maluco, da Falange Vermelha, organização criminosa que mais tarde se tornou o Comando Vermelho. Outro grande feito de Escadinha foi a fuga do presídio de Ilha Grande, em 1986, resgatado por um helicóptero. O episódio inspirou a música “Sambadrome”, da banda inglesa Big Audio Dynamite.

Chega.

Cansou? Eu também. Mas não consigo achar a saída desse panteão, desculpe. Caímos num labirinto. Teremos de nos acostumar a cidadãos indefesos esfaqueados e iates comprados com dinheiro público desviado. Por aqui, por favor…


Como ter jovens saudáveis

'O efeito nocivo do controle excessivo não é compensado nem pelo fato de os pais serem carinhosos (...)'

Jairo Bouer
Médico psquiatra, educador, palestrante, escritor e apresentador de televisão brasileiro. 

Postado 07 Junho 2015 | 03h 00 em http://www.estadao.com.br/
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Novas pesquisas ajudam a entender melhor algumas das causas que podem estar contribuindo para um aumento do número de casos de anorexia, bulimia, depressão e abuso de álcool entre os mais jovens. Dados do Serviço Nacional da Saúde (NHS, na sigla em inglês) da Inglaterra, publicados no jornal Daily Mail, mostram que dobraram as internações por anorexia e bulimia entre garotas de 13 a 19 anos no Reino Unido de 2011 a 2014. 

Os especialistas acreditam que esse aumento tem relação direta com o uso das redes sociais e o compartilhamento de fotos em que as garotas aparecem cada vez mais magras. Essa pressão por um corpo inatingível pode estar levando muitas a transtornos alimentares. Sites especializados também têm sido usados pelas garotas para buscar motivações para emagrecer e para trocar dicas de como perder peso, usar laxantes, vomitar, etc. 

Quanto mais nova a garota, com menos experiência e mais influenciável, maior a vulnerabilidade às pressões das redes sociais pela busca de um corpo supostamente mais perfeito. Comer cada vez menos (anorexia) e ingerir grande quantidade de calorias para depois eliminá-las, vomitando ou usando laxantes (bulimia), são transtornos alimentares que podem se tornar extremamente graves, comprometendo a saúde e a vida das garotas. 

Muitas meninas podem estar ficando obcecadas pela busca de um corpo magro, depois que passam a comparar sua imagem com as de outras que nem sempre estão saudáveis e com fotos que, muitas vezes, não são reais e podem ter passado por uma série de tratamentos fotográficos. Seria fundamental trabalhar com os mais novos uma maior flexibilidade na questão da imagem corporal e na percepção da influência que as redes sociais podem ter em sua vida. 

Bullying e depressão. Outro trabalho, publicado no British Medical Journal, também divulgado pelo Daily Mail, mostra que jovens que sofreram bullying aos 13 anos têm duas vezes mais chance de enfrentar depressão quando atingem a vida adulta do que aqueles que não foram expostos a essa forma de violência física ou psicológica. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, analisaram dados de quase 3,9 mil adolescentes aos 13 e, depois, aos 18 - 15% daqueles que foram vítimas frequentes de bullying por parte dos seus pares aos 13 apresentaram sintomas de depressão. Entre os que não foram expostos a essa forma de abuso, apenas 5,5% tinham sintomas depressivos mais tarde. A depressão durou até dois anos nos casos mais graves, e garotos e garotas sofreram o mesmo padrão de influência.

Apesar de o estudo ser observacional e não ter sido desenhado para estabelecer uma relação direta de causa e efeito entre bullying e depressão, os pesquisadores estimam que até um em cada três casos de depressão na vida adulta pode ter relação com bullying na adolescência. Para eles, lidar com essa questão em casa e nas escolas pode impactar diretamente o futuro emocional das pessoas.

Controle e autonomia. Por falar em influência em casa, um terceiro trabalho, da Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, mostra que pais que são muito controladores e não dão autonomia para os filhos tomarem decisões podem estar contribuindo para que os jovens enfrentem problemas de autoestima e abuso de álcool na vida adulta.

O efeito nocivo do controle excessivo não é compensado nem pelo fato de os pais serem carinhosos com seus filhos. Os especialistas sugerem que os pais estejam presentes, envolvidos ativamente na educação dos filhos, trabalhando limites e dificuldades, mas evitem interferir nas tomadas de decisão e autonomia. Dessa forma, eles podem contribuir para uma sociedade com adultos emocionalmente mais saudáveis.

Dez anos depois

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Bernardo Mello Franco - Colunista
Postado em 07.06.2015 na Folha de São Paulo

A denúncia do mensalão fez dez anos. A corrupção ainda domina o noticiário político. As campanhas continuam a ser abastecidas com dinheiro das estatais. Gente de quem o leitor não compraria um velocípede usado permanece à frente de altos cargos da República.

É inevitável pensar que o Brasil mudou menos do que deveria. Em 2005, quando o pagamento de mesada a parlamentares vinha à tona, um escândalo muito maior era gestado na Petrobras. Outros casos brotam diariamente nos Estados, prefeituras, câmaras e assembleias. Isso acontece porque a impunidade continua a ser regra, não exceção.

Houve algum avanço. O Supremo Tribunal Federal mandou políticos poderosos para a cadeia no julgamento do mensalão. Agora terá a chance de fazer o mesmo no petrolão. Também há ameaças de retrocesso. Acusados da Lava Jato tentam intimidar o Ministério Público para frear as investigações. Se funcionar, teremos andado para trás.

Outro sinal preocupante é a repetição de personagens nos dois esquemas, como os ex-deputados José Janene, já falecido, e Pedro Henry, que voltou a ser preso. O ex-ministro José Dirceu também reapareceu no escândalo petroleiro. Ao mesmo tempo em que era julgado pelo mensalão, recebia como consultor de empreiteiras sob suspeita.

O que deu errado? O ex-deputado Roberto Jefferson sugere que nada será resolvido sem uma mudança no sistema. Uma década após a entrevista a Renata Lo Prete, ele deixa claro que a corrupção continua na engrenagem da máquina eleitoral.

"Quem financia campanha no Brasil são as empresas que têm grandes contratos com BNDES, Banco do Brasil, Petrobras", disse à Folha, neste sábado (6). "Os empreiteiros são braços das estatais. É aí que está o caixa de toda eleição."

Enquanto isso não for enfrentado, ficaremos com a sensação incômoda de que as coisas só mudam para permanecer como estão. 
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