sábado, 10 de dezembro de 2016

Desabafo matinal de um brasileiro num sábado de sol ...



Amigos,

Estou realmente impressionado, e muito mal impressionado, aos quase 70 anos de idade, com o quadro atual das coisas.

Acompanho esse país de forma consciente desde 1964, aos 14 anos. Me lembro das lagartas dos tanques, em 64, se aproximando do Palácio Guanabara. De lá para cá, mais de 50 anos se passaram.

Temos hoje (e faz tempo) um Congresso com sérios problemas, com inúmeros senadores e deputados sendo processados. Temos um STF em que alguns ministros nos dão dúvidas quanto à sua seriedade de propósitos e conduta ética. Temos políticos corruptos querendo controlar a amordaçar a Justiça. Temos representantes em Brasília que ignoram e ridicularizam a opinião pública. Temos uma gestão pública irresponsável. Temos nossos recursos desperdiçados.

Temos números aparentemente falsos sobre a realidade previdenciária do país. Temos profissionais incompetentes cuidando de muitas de nossas empresas públicas.

Para termos um país melhor, precisamos de inúmeras mudanças, de legislação e de comportamento da população. Temos sempre que nos lembrar que quem está em Brasília está lá porque nós os elegemos. Não há como ignorar nossa profunda responsabilidade pelo "status quo".

A população está inquieta, insatisfeita, ferida. A opção de intervenção militar está ganhando folego. Terrível, mas não consigo imaginar outras opções. Não mudaremos o quadro institucional pelos canais legais e formais de nossas instituições. Qualquer esforço nosso de mudança será destruído pelo Congresso. Se de forma legal não há possibilidade, que opção temos? Não vejo nenhuma, apesar de ter sido jovem em 1964 e ter vivido sob todo o regime militar. O poder corrompe, como ocorreu na época da revolução de 64.

Precisamos eleger um novo presidente (o que será extremamente difícil com a escassez de quadros novos). Ele deverá ter liderança, popularidade (junto aos segmentos representativos da sociedade e não necessariamente nas classes operárias e populares), capacidade de montagem de equipe e poder para gerir o país.

No medo de eleger novas figuras desconhecidas, pensamos em ex-presidentes, como Fernando Henrique. Não há outros.

Precisamos mudar TODO o Senado e a Câmara, com novos representantes. Precisamos saber quem estamos elegendo antes de depositar nossos votos. Raramente o fazemos, se é que o fizemos em algum momento de nossa vida.

O país está asfixiado. A letargia econômica está crítica. O nível de corrupção atingiu um recorde. Ficamos passivos todo esse tempo, aos "saltos e barrancos". Nosso engajamento na "luta" é esporádico e resume às redes sociais e caminhadas por parques e avenidas, no esforço de demonstração de nossa raiva. Não avançamos, não gerenciamos nossas mudanças até que elas ocorram. Começamos e não terminamos.

Estou disposto a ir a Brasília, num gigantesco esforço nacional, para protestar no Congresso. Dar uma última chance aos nossos senadores e deputados. E depois, vamos fazer acontecer.

Já dizia Geraldo Vandré: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

Estou cansado, enojado, irritado, sem visão de luz no fim do túnel. E como dizem, quando "vejo a luz, é um trem em sentido contrário".

O que queremos, podemos e vamos fazer? Quais alternativas temos?

Acho que está na hora de pensarmos mais seriamente, além apenas de comentarmos e nos manifestarmos. E de decidir o que fazer. Não só "chiar".

POR SÉRGIO LEME BENIAMINO







Diretor excecutivo da GEO TECNOLOGIA E PESQUISAS

Um comentário:

  1. Muito bom seu artigo. Assim como lvocê, vejo na intervenção militar a ajuda, socorro profissional, que poder trazer 'ordem e progresso" ao Brasil combalido.

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