sexta-feira, 2 de junho de 2017

Desinformação Seletiva



"A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como imprimir ao vento uma aparência de solidez" (George Orwell)

No turbilhão do mundo político em que o país se encontra hoje, acentuam-se as chamadas “guerras de narrativas”.

O oportunismo “fortuito” de se contar uma história, ora omitindo fatos necessários para entendimento do assunto, ora criando versões fantasiosas do ocorrido escancara o exacerbado mau-caratismo de uma gente de estirpe maliciosa. Assim, réus envolvidos até o pescoço com embaraços criminosos tentam fazer perpetuar uma narrativa mentirosa.

A narrativa vencedora é aquela que “cola”, que será repetida por muitas vezes por um grande número de pessoas. Se tornando uma espécie de mantra. 

Como por exemplo, o depoimento do ex-presidente Lula da Silva, que a mídia fez questão de tentar transforma-la em um “embate político”, quando sabíamos muito bem que o réu estava sendo ouvido por um juiz, e que este deve seguir e aplicar estritamente as leis baseado em fatos, provas e testemunhos. Nessa ocasião, o réu não só se vitimizou esbravejando-se de estar sendo perseguido pela força tarefa da Lava-Jato, como culpou a própria falecida mulher pelo crime. Após seu testemunho, foi recebido pelo seus com festa, como competidor vitorioso do “embate”. Seu depoimento, tornou-se o assunto da semana nos meios de comunicação, mas todas contradições que disse na ocasião foram escancaradas nas redes sociais. Sua narrativa desastrosa de “perseguido político”, não colou! 

Dias depois, as peças do tabuleiro político, se movem novamente. Edson Fachin, ministro do STF, homologa em tempo recorde o acordo de delação premiada de Joesley Batista com o MP, um dos donos do grupo JBS, dando a ele total anistia pelos crimes praticados e permitindo que se mude para o exterior com a família. O novo fato encobre toda polêmica sobre o depoimento de Lula, e personagens até então “esquecidos” entram em evidência novamente. Temer acusado de receber propina da JBS através do dep. Rocha Loures, flagrado em vídeo recebendo uma mala de dinheiro no valor de R$ 500.000,00 em uma ação controlada da PF. O STF libera áudio com a gravação do encontro secreto de Joesley e Temer fora da agenda oficial, ocasião em que o empresário relata a compra do silêncio de Cunha. Aécio Neves aparece em gravações pedindo ao empresário R$ 2.000.000,00 para pagamento de sua defesa. A PF, flagra Frederico Pacheco, primo de Aécio recebendo uma mala com R$ 500.000,00.

O instrumento da delação premiada, que outrora era desacreditado pela narrativa de Lula e seus apoiadores, dizendo que era um conluio do MP com investigados para persegui-lo, agora passa ser a prova de que existiu “golpe” para derrubar Dilma e que “eleições diretas” deveriam ser convocadas imediatamente. A narrativa muda conforme novos fatos em prol dos interesses de quem está contando a estória vem à tona. Não passa de desinformação seletiva, pois a narrativa omite que Lula e Dilma também apareceram nas deleções de Joesley como reais proprietários de contas da JBS na suíça com saldo de US$ 150 milhões operadas pelo ex-ministro da fazenda Guido Mantega. E que foram os que mais receberam dinheiro de propina, como mostram os gráficos abaixo com os valores recebidos por políticos e partidos, conforme delação do empresário:





* Valores não foram deflacionados 
**Doações para Dilma e Lula somavam U$ 150 mi em 2014, mas delator não soube precisar quanto foi pago para cada um.

Fonte: Estadão

Temos o dever moral no papel de cidadão de combater as narrativas falaciosas, expor os fatos de maneira honesta, livre de amarras ideológicas e correntes políticas partidárias. Pois, se nada fizermos, a “narrativa” vencedora será a que querem que você acredite. 

E para reflexão, finalizo com uma frase do filósofo Edmund Burke: 

“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco”.

POR FÁBIO RIBEIRO


















-Especialista em Engenharia de Software e
-Um dos líderes do Movimento Loucos pela Pátria e do Movimento Brasil Conservador.
Twitter: @Fabioacr

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