sábado, 28 de setembro de 2024

Desafios e Exemplos Exitosos na Educação Brasileira


 

Autora: Márcia Stochi (*)

O Ideb (Índice de desenvolvimento da educação básica) é um indicador criado pelo governo, que desde 2007 busca aferir a qualidade da educação nas escolas públicas e privadas do país. Nesse contexto, avalia-se a educação em suas diferentes etapas: a fase inicial do ensino fundamental que abrange do primeiro ao quinto ano, a fase final do ensino fundamental abrangendo do sexto ao nono ano e o ensino médio. Os conhecimentos avaliados estão relacionados à Língua Portuguesa e a Matemática. Além dessas disciplinas, considera-se também o fluxo de taxa de aprovação para compor o índice. A observação desse índice, nos permite analisar os resultados, possibilitando correções necessárias e a manutenção de políticas bem-sucedidas. Organizamos a Tabela 1, composta pelas metas e os resultados gerais atingidos pelo Ideb de 2023, publicados em 2024, com o objetivo de facilitar a compreensão de nossas análises.

Tabela 1: Metas e resultados gerais, mensurados pelo Ideb - 2023
Fonte: A autora

 

Meta

Resultado

% em relação a meta

1º ao 5º ano

6,0

6,0

100% da meta

6º ao 9º ano

5,5

5,0

90% da meta

Ensino Médio

5,2

4,3

83% da meta






Pela tabela podemos observar que nas séries iniciais a meta foi atingida nacionalmente. O pior resultado está na etapa do ensino médio. Esse é um aspecto pernicioso, pois pode agravar ainda mais a evasão escolar nessa fase de ensino que foi de 6% em 2023. Há ainda, diferenças regionais no país. A região Sul apresentou os melhores resultados nos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio. A Tabela 2, apresenta os resultados obtidos pelos estados dessa região.

Tabela 2:
Ideb dos Estados da Região Sul, e resultado nacional Ideb
2023 
Fonte: A autora

 

1ª Etapa do EF

2ª Etapa do EF

Ensino Médio

Paraná

6,7

5,5

4,9

Rio Grande do Sul

6,0

4,9

4,2

Santa Catarina

6,4

5,2

4,2

Média Nacional

6,0

5,0

4,3










O Estado do Paraná foi o que conseguiu os melhores índices, ficando acima da média nacional em todas as fases avaliadas. Porém, embora tenha conseguido média de 4,9 no ensino médio, seis décimos acima da média nacional, esse valor ainda está abaixo da meta que era de 5,2. Desse modo, a educação no ensino médio está ainda abaixo do esperado. A qualidade nessa etapa de ensino contribui para formação de trabalhadores com uma maior produtividade e pode ajudar a explicar a baixa produtividade de nossa mão de obra. Atualmente, a produtividade do trabalhador brasileiro equivale a um quarto do trabalhador estadunidense, em 1980 nossa produtividade equivalia a metade dos trabalhadores norte-americanos. A região Norte obteve os índices mais baixos, especialmente no ensino médio. É importante destacar os problemas estruturais que os estados da Região Norte enfrentam: distâncias geográficas, falta de acesso à tecnologia e desigualdades socioeconômicas impactam diretamente a qualidade da educação. Muitas crianças e jovens percorrem grandes distâncias, todos os dias, para frequentar as aulas. Nesses casos, são urgentes a implantação de políticas que aproximem esses estudantes de suas escolas, melhorando as condições de transporte e implantado escolas em locais mais longínquos nessa região. Apresentamos na Tabela 3 o Ideb alcançado pelos estados da Região Norte para facilitar a análise desses indicadores.

Tabela 3:Ideb dos Estados da Região Norte, e resultado nacional Ideb 2023Fonte: A autora

 

1ª Etapa do EF

2ª Etapa do EF

Ensino Médio

Acre

5,8

4,8

4,0

Amapá

5,0

4,3

3,8

Amazonas

5,7

4,8

3,8

Pará

5,1

4,4

4,4

Rondônia

5,6

4,8

4,2

Roraima

5,4

4,3

3,5

Média Nacional

6,0

5,0

4,3

















Observando a tabela,verificamos que tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais do ensino fundamental todos os resultados ficaram abaixo da média nacional. Apenas no ensino médio, temos o Pará com um resultado de um décimo acima da média nacional, sendo que nessa fase de ensino o estado de Roraima obteve o pior resultado no Ideb com um índice de apenas 3,5 pontos, oito décimos abaixo da média nacional. Os baixos índices obtidos pelos estados da Região Norte constituem em desafios a serem enfrentados. Esses resultados destacam a necessidade de mais investimentos em infraestrutura, qualificação de professores e políticas de incentivo à permanência dos alunos na escola.
O Pará se destaca como uma boa surpresa, apresentando uma melhora no Ideb geral. O estado ocupava a 26ª posição nacional, na fase do ensino médio, considerando os resultados de 2021, saltando para a 6ª colocação nacional em 2023. O avanço nos resultados alcançados é atribuído a ações realizadas pelo estado e pelos atores envolvidos com a educação. Dentre essas ações, destacamos:
  • Planejamento estratégico da Secretaria Estadual em conjunto com as diretorias regionais;
  •  O engajamento da comunidade escolar;
  •  Atividades voltadas para os estudantes considerando a mobilização de suas famílias;
  •  Diagnóstico de aprendizagem e o acompanhamento contínuo das ações;
  •  Implantação de avaliações preparatórias, reforço escolar, coordenação pedagógica ativa e reuniões sistemáticas;
  • Busca ativa direcionada aos estudantes com baixa frequência;
  •  Aplicação de simulados; e
  • Bonificação para os profissionais da educação pelos bons resultados alcançados.
O conhecimento e a compreensão da atual situação da educação brasileira não é apenas um tema para ser discutido intramuros escolar, esse tema deve ser abordado com toda a comunidade, pois mesmo que não sejamos trabalhadores nessa área de atuação temos filhos ou familiares estudantes, ou ainda, podemos afirmar que todos são afetados pela produtividade de nossos trabalhadores. Assim, apoiar e defender a educação brasileira é uma postura cidadã.

Referências Bibliográficas:

QEdu-portal de dados educacionais
Acesso em 16.09.2024;

Secretaria de Educação do Estado do Pará: https://www.seduc.pa.gov.br/noticia/13425-escolas-estaduais-da-dre-belem-06-comemoram-resultados-do-ideb-com-certificacao-e-apresentacao-de-acoes-que-impulsionaram-o-ensinoAcesso em 16.09.2024.

 *MÁRCIA STOCHI




















- Bacharel e Licenciada em Matemática pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1993);

- Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo  (2003) ; e

- Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo (2016).

Nota do Editor:

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